(Foto: Charlie Villenueva, jogador de Basquete da NBA posa com crianças da National Alopecia Areata Foundation  – novembro 2007. Fonte: Corbis Images.)Â
A alopecia areata é uma doença universal relativamente comum que afeta, de forma crônica, os folÃculos pilosos e unhas. Ela se caracteriza pela perda de cabelo ou de pelos, formando pequenas ou grandes regiões epiladas. A extensão da perda de cabelo varia, podendo acometer somente alguns pontos ou uma região bem maior. Há casos raros em que o paciente pode perder todo o cabelo da cabeça (trata-se da alopecia areata total) ou os pelos de todo o corpo (alopecia areata universal).
De acordo com estudos publicados, a alopecia areata ocorre entre 0,1 e 0,2% da população geral, com risco de 1,7% de ocorrência de algum episódio durante a vida. Qualquer região pilosa do corpo pode ser afetada pela condição, mas em cerca de 90% dos casos, acomete o couro cabeludo.
O prognóstico da doença está relacionado à extensão da perda, à duração do episódio atual e à idade do primeiro episódio. Os casos mais graves são os de maior extensão de áreas acometidas e com histórico mais prolongado. O curso da doença tende a ser imprevisÃvel, sendo que o paciente pode ter recidivas, voltando a apresentar queda de cabelo após um perÃodo, ou mesmo voltar a ter crescimento de pelos de forma espontânea.
Causas
A alopecia areata tem causa auto-imune em indivÃduos geneticamente predispostos, e questiona-se muito o papel do estresse emocional como um gatilho para o inÃcio do quadro ou surgimento de novas áreas. Os próprios pacientes frequentemente mencionam situações difÃceis na época do aparecimento das lesões. Entretanto, a relação de fenômenos emocionais na instalação da doença não foi totalmente esclarecida e a explicação cientÃfica ainda é desafiadora.
O que sabemos bem, de qualquer modo, é que independente do papel do estresse na gênese da doença, o próprio quadro de alopecia areata leva ao estresse, afetando sobremaneira a qualidade de vida dos pacientes. Em outras palavras, se não havia um comprometimento emocional prévio ao quadro, a doença tratará de gerá-lo. Por esse motivo, sempre indicamos, além de um possÃvel tratamento medicamentoso adaptado a cada caso, medidas que busquem acolher o paciente e restaurar seu equilÃbrio emocional, como a psicoterapia ou a participação em grupos de apoio.
Tratamento
Infelizmente, ainda não existe nenhum tratamento que comprovadamente altere a evolução natural da doença. Temos recursos para ajudar o paciente a se recuperar do episódio de perda capilar em um dado momento, mas por se tratar de um quadro auto-imune, não temos como prometer qual será o resultado, em quanto tempo o obteremos ou prever se no futuro o paciente apresentará novas lesões.
Entre as opções terapêuticas mais consagradas estão a corticoterapia (tópica, intradérmica ou sistêmica), outros imunossupressores, imunomoduladores como o difenciprone, ou ainda antralina e minoxidil. Muitas vezes obtemos resultados surpreendentemente bons, então para o paciente que deseje uma mudança no quadro vale a pena procurar tratamento, que deve ser realizado por um médico dermatologista, preferencialmente especialista em doenças capilares. O médico saberá orientá-lo e planejar o tratamento que tenha maior chance de eficácia, sem comprometer sua saúde geral. E sempre tendo em mente que, dado o curso imprevisÃvel e as dificuldades sociais / de imagem corporal geradas pela doença, é muito importante uma abordagem holÃstica e acolhedora, que contemple seu bem estar fÃsico e mental, e melhore sua qualidade de vida.