A gravidez é uma época cercada de alegrias, sonhos e expectativas, mas também de insegurança e ansiedade. Uma das grandes preocupações das futuras mães é se cuidar para manter a saúde e bem-estar que sempre buscaram, mas sem fazer nada que possa prejudicar o bebê. E quem mais aparece, nesse momento, são os palpiteiros de plantão, que dirão que todo cosmético é proibido, ou terão a fórmula mágica de um creme anti-estrias. As maiores dúvidas que observo em consultório são:

1. O que preciso mudar na minha rotina de cuidados com a pele para não fazer mal ao bebê?
2. Por outro lado, o que devo usar nessa fase, que talvez não usasse antes?
3. Como evitar estrias, flacidez pós parto e as tão incômodas manchas na pele (melasma)?

Primeiro uma boa notícia: a maioria dos cosméticos não faz mal à gestante. Hidratantes faciais ou corporais, filtros solares, anti-oxidantes, maquiagem, cosméticos capilares… boa parte desses produtos pode ser usada sem problema algum, muitas vezes mesmo no primeiro trimestre de gestação. O que não dispensa a consulta com seu dermatologista logo no início da gravidez para organizar a rotina de cuidados e garantir que os poucos ativos, que de fato devem ser evitados, não façam parte do arsenal. Dentre os principais indesejáveis estão o ácido retinóico e sua “família” (retinóides), alguns clareadores como a hidroquinona, e hidratantes com alta concentração de uréia. Alguns outros ativos, como os alfa-hidroxi-ácidos, também devem ser usados com cautela. Mas não faltam opções boas e seguras para os mais diversos tratamentos, incluindo, por exemplo, acne ou manchas.

Para a segunda pergunta, o que usar agora que talvez a paciente não usasse antes, a resposta é um velho conhecido: filtro solar! Na gravidez, temos aumento do MSH, o hormônio estimulador de melanócitos, e aumento de hormônios femininos, como o estrogênio e a progesterona. Em outras palavras, nossa pele está mais susceptível a manchas, que uma vez adquiridas, nos perturbarão pelo resto da vida. Então vale a pena um cuidado maior nesses meses. Não é época de “pegar uma corzinha”, especialmente na face. Um dermatologista também saberá orientar a melhor forma de fazer a proteção, com os produtos mais adequados para diferentes situações.

Finalmente, sobre a prevenção de estrias, existem bons cremes, seguros e voltados para gestantes, que conseguem melhorar a hidratação da pele e aumentar discretamente sua elasticidade (porém não mais que discretamente). Estrias são resultado da distensão da pele versus tendência pessoal. Algumas pessoas, com uma distensão menor, já fazem estrias, enquanto outras precisam esticar a pele bem mais. Como não temos poder de interferir na tendência pessoal, a medida mais eficaz ao nosso alcance é controlar o ganho de peso para somente aquilo que o(s) bebê(s) precisar(em)! A balança acaba sendo um aliado contra estrias e flacidez melhor que qualquer creme. Em todo caso, estes devem ser usados também, e se as estrias aparecerem devem ser tratadas o mais precocemente possível, pois isso determinará muito do seu aspecto a longo prazo. Em tempo: estrias costumam aparecer no final da gestação. Então se uma paciente está com 34 semanas, por exemplo, e sem estria alguma, não é bom relaxar e descuidar da alimentação no último mês. Elas podem aparecer todas ao mesmo tempo, e bem na última semana!

A gravidez é o início de uma nova de grandes mudanças e é, portanto, um momento importante de encontrar formas equilibradas e saudáveis de continuar se sentindo bem com corpo, pele, cabelos e unhas. Procure sempre o seu dermatologista.